À direita, deputados municipais que cederam os seus lugares a outros cidadãos e que, por isso, estiveram de pé durante a hora e meia da cerimónia de posse |
Foram hoje empossados os principais responsáveis pelo concelho de Coimbra. E o Salão Nobre foi pequeno para as centenas de pessoas que se deslocaram aos Paços do Concelho, na Praça 8 de Maio, ao lado da Igreja de Santa Cruz (que a candidatura de Coimbra a Património Mundial gostaria de ver na Rua da Sofia, mas que fica na Baixa, no antigo Largo de Sansão, onde à sombra de uma palmeira foi criado há mais de 94 anos o popular Clube de Futebol União de Coimbra).
[Fui à cerimónia por uma razão muito pessoal: um dos membros
da família foi empossado como deputado municipal. Como estou desempregado e
tenho muito tempo livre – para além das apresentações quinzenais na junta de
freguesia, da procura activa de trabalho e do curso de inglês na Novotecna através
do Centro de Emprego – aproveitei para acompanhar esse familiar. Mas dei comigo
a pensar se muitas daquelas centenas de pessoas também estarão desempregadas,
se estarão reformadas, se nunca tiveram ocupação ou se, pura e simplesmente, se
tinham ausentado do posto de trabalho para estarem ali...]
Cheguei quando faltavam 10 minutos para a cerimónia. Muito a
tempo, pensei. À porta do edifício, pareceu-me ver duas guardas-de-honra: uma
dos bombeiros municipais (que sei para o que servem) e outra da polícia
municipal (que não sei para o que especificamente serve). Mas… muito a tempo,
qual quê?!
Subi a escadas e fiquei parado. Engarrafamento total. Uns
minutos depois, lá consegui entrar. Fiquei perto do fundo do salão nobre, mas do
lado de fora, numa sala contígua. Não via nada, mas ouvia.
O ambiente era quase de romaria. Solenidade, pouca ou
nenhuma. Formalismos apenas. Sem querer ser indelicado, sempre escrevo que dei
comigo a pensar, dada a aglomeração de pessoas, e a “desorganização organizada”,
no Mercado do Norton de Matos, ao sábado de manhã, onde só fui uma vez, há
muitos anos, e onde só estive uns minutos porque detesto aglomerações
desorganizadas.
Foram chamando os vereadores, um a um. Depois os deputados
municipais, um a um. E os presidentes de junta, também um a um. Nome, idade,
morada, com rua, número de porta e andar. A uns acrescentaram a habilitação
académica. A outros juntaram a profissão.
Saí a meio, talvez. Ao fundo das escadas, muitas dezenas de
pessoas acompanhavam a cerimónia em dois ecrãs. Fui conversar com amigos para a
porta do edifício. Não ouvi o discurso do novo presidente. [Mas li-o mais tarde
e gostei. Um conjunto de bons princípios, dos quais destaco a ideia de que o
Município de Coimbra não será subserviente ao Governo da República. Concordo
inteiramente, com a mesma convicção com que participei há mais de 10 anos no
maior movimento cívico alguma vez desencadeado em Coimbra: a luta (perdida)
contra a co-incineração em Souselas, decretada por um Governo socialista.]
Voltei a subir as escadas. Decorriam os últimos cumprimentos
aos novos eleitos. Num ápice, o Salão Nobre ficou vazio. Era meio-dia-e-meia,
hora de almoço.
A seguir reuniu-se pela primeira vez a nova a Assembleia
Municipal, para eleger a Mesa da Assembleia e ouvir o novo presidente. A sessão
era pública mas na sala apenas estavam, para além dos membros da assembleia,
dez “cidadãos comuns” e três jornalistas.
A cidade – que ali tinha estado representada minutos antes
por centenas de entidades, personalidades e outros cidadãos – virara as costas
à Assembleia Municipal.
Amanhã, ao ler os jornais, saberá quem foi eleito presidente
e quem são os novos secretários.
Já passava da uma-e-meia quando tudo terminou.
[Não, não houve nenhum hino, nenhum “momento especial”. Nada
mais aconteceu, parece-me, do que aquilo que relatei. Tudo se resumiu ao
formalismo das posses, às intervenções dos dois presidentes e às centenas de apertos-de-mão
e beijinhos. Sim, foi uma cerimónia pobrezinha.]
Cá fora, um dos novos eleitos comentava que tinha sido
cumprimentado por pessoas que o tinham deixado de cumprimentar há anos. Como se
não soubesse que o Poder tem tal “cheiro” que atrai os apertos-de-mão. E não
só.
O que mais impressiona neste tipo de cerimónias é o afã dos cumprimentos , dos cumprimentadores e dos cumprimentados...E, geralmente, o comprimento estes espaços é pouco para tantos "amigos institucionais".
ResponderEliminarMudando agora de tom: quem tem assim um blogue, sendo jornalista, e apesar do estado nação, não se compreende o motivo de estar desempregado!
Um abraço e parabéns pelo blogue.
Eduardo Aroso
Realmente o que escreveu e verdade eu também achei uma cerimonia muito pobre tive que me vir embora pois entrava a 1hora gostei do blogue cor linda beijinho e obrigada por este bocadinho
ResponderEliminarParabéns! Para mim isto não é um blog qualquer; é apenas e só o melhor local para obter informação correta, bem escrita e o que realmente é importante saber. Todos os dias, logo de manhã, é tomar o café e ler as últimas :)
ResponderEliminar