terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Trespasse



Daqui a pouco, às 23:59:00, este blogue dará lugar ao COIMBRA JORNAL.
Na hora da mudança, não posso deixar de agradecer a quem aqui veio nos últimos três meses. No total foram mais de 23 mil. Foi graças à força que me deram que me aventurei neste novo desafio. Muito obrigado.

Agora espero-vos no COIMBRA JORNAL. Com as mesmas qualidades e os mesmos defeitos. Naturalmente, nem poderia ser de outra forma, irei continuar a viver com a "espinha direita" e a olhar sempre em frente.

Feliz Ano Novo.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Coimbra Jornal

clique na imagem para aceder ao blogue

Chama-se COIMBRA JORNAL mas é, apenas, um... pré-jornal electrónico.
Já terá forma de jornal, conteúdos de jornal, mas não será ainda um jornal. Continuará a ser o meu blogue, embora agora reúna colaborações de quem se sente dentro do mesmo espírito, seja ou não jornalista.

A 1.ª edição estará disponível às 00:00 do dia 1 de Janeiro de 2014.
Haverá actualizações diárias, mas as grandes actualizações ocorrerão, em princípio, às terças-feiras e sextas-feiras. Será uma espécie de bi-semanário.

A ideia, que já pairava há muito na minha mente, tem estado a ganhar forma nos últimos dias graças à colaboração excepcional do Rafael Mota, que começou por alertar para a necessidade de um grafismo mais atraente para o actual “COIMBRApontoCOM” e, depois, se ofereceu para colaborar gratuitamente na “feitura” do novo sítio. [O Rafael Mota é um homem da Comunicação, mais concretamente da Rádio, que também se encontra actualmente desempregado.]

O COIMBRA JORNAL tem diversos objectivos, todos eles centrados nas ideias de Comunidade e Cidadania: partilhar informação e opinião, participar nas questões da “polis”, favorecer a troca de saberes e ser um espaço de interajuda. Todos temos algo a aprender, todos temos algo a ensinar.
No meu caso pessoal, o novo sítio serve ainda para aumentar os conhecimentos sobre questões de ordem técnica e para continuar a fazer aquilo que sempre fiz nas últimas quatro décadas: escrever.

Nos últimos dias tem sido notória a vontade de muitas pessoas em conhecer o COIMBRA JORNAL. Algumas delas manifestando o desejo de colaborar. Muitas mais afirmando que vão estar atentas.


Não pretendo criar grandes expectativas. O COIMBRA JORNAL não passa de um blogue. Bonito, agradável, com conteúdos de interesse. Mas apenas um blogue. Um dia poderá vir a ser um projecto mais profissional. Para já, quer assumir-se, apenas, como um sítio da internet que vale a pena visitar. Todos os dias.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Três dias



Faltam três dias para nascer o novo ano.
E o novo sítio.

Mais pormenores amanhã.
Entretanto, comece a habituar-se ao novo endereço: www.coimbrajornal.com

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Títulos diferentes da realidade

(porque o preço da água NÃO BAIXA em Coimbra)


As capas dos jornais de ontem

Quem olhasse ontem as primeiras páginas dos diários que se publicam em Coimbra concluiria facilmente que o preço da água vai baixar 5%. Mas isso não é verdade, se lermos com atenção as próprias notícias.
Na realidade, o que vai baixar 5% é, apenas, a denominada "tarifa fixa", que nas facturas aparece com a (pomposa) designação de "Tar Disp Serv Água", que deverá significar "Tarifa de Disponibilização do Serviço de Água" e que no preçário das Águas de Coimbra surge com o nome de "Tarifa fixa (por 30 dias)". Ou seja, aquilo que antigamente se denominava "aluguer do contador".
[O aluguer do contador, se bem me recordo, foi declarado ilegal e os fornecedores de água criaram esta taxa para "dar a volta" à decisão judicial.]

Refira-se que a taxa é imoral. Em linguagem popular, trata-se de "meter a mão" nos bolsos dos consumidores. Os custos totais do fornecimento de água devem estar reflectidos no preço do metro cúbico. Imagine que, ao entrar num café, era obrigado a pagar o preço da "bica" acrescido de uma taxa de disponibilização do serviço...

Tarifário 2013 das Águas de Coimbra
(embora no "site" esteja identificado como sendo de 2012...)

Para os consumidores domésticos, a esmagadora maioria, a "baixa do preço da água" tão destacada nas primeiras páginas dos jornais aplica-se unicamente ao valor de 4,10 euros, o que vai resultar numa diminuição de apenas 0,205 (20 cêntimos... e meio) mensais.
Deste modo, para que se verificasse uma diminuição de 5% no preço da água era necessário que os consumidores não abrissem a torneira. A partir do momento em que a abrissem, o "desconto" começaria a ser menor, já que o preço do metro cúbico de água se mantém inalterado.
[Exemplo concreto: numa "factura da água" como a última que recebi, estes 20 cêntimos representam 0,5%. Mas quem gastar mais água do que aquela que gasto, terá uma baixa ainda menor em termos percentuais.]

Se quisermos analisar a "baixa da água" em termos anuais, iremos encontrar uma situação semelhante a esta: num pagamento de 375,72 euros à Águas de Coimbra, a empresa faz um "desconto" de 2,46 euros.
Na realidade, trata-se de uma baixa. Mas pequena, muito pequenina. Bem longe, muito longe!, dos anunciados 5%.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O exame dos professores

(Foto: publico.pt)

O sector da Educação está transformado, mais uma vez, em "campo de batalha". De um lado, o Governo; do outro, alguns sindicatos. Tem sido assim ao longo dos últimos 35 anos.
Do pouco que vi, li e ouvi a propósito do que aconteceu ontem à porta de muitas escolas, retiram-se algumas conclusões.

1. A imagem que é transmitida dos professores para a opinião pública é desprestigiante. Educadores não podem comportar-se da forma como muitos se comportaram.

2. A exigência de qualidade é uma boa ideia em qualquer sector de actividade. Incluindo a Educação, naturalmente. Portanto, a existência de provas / avaliações é, à partida, perfeitamente natural.

3. A prova que os professores foram ontem obrigados a fazer não tem sentido. Aparece desenquadrada, sem justificação plausível. E não garante, de modo nenhum, aquilo que o Governo diz defender: a qualidade do desempenho profissional dos docentes.

4. Se há problemas "a montante" na formação dos professores, eles nunca serão ultrapassados com soluções "a jusante". Acresce que o grande responsável pela formação de candidatos à docência é o mesmo Ministério da Educação que obriga agora à realização das provas porque quer certificar-se da "qualidade" dos professores que ele mesmo formou.

5. A autonomia universitária (onde se inclui a autonomia do Ensino Superior Politécnico) é uma ideia absurda, que só faria sentido se o Estado definisse com rigor o conjunto de objectivos a atingir. E os fiscalizasse. O que sucede, no entanto, é que - na generalidade - cada escola superior parece ser uma espécie de "quinta", financiada quase a 100% por  dinheiros públicos mas a funcionar como se fosse uma entidade privada.

6. Em termos políticos, continuamos a viver a "idade das trapalhadas", que começou com o Governo presidido por Santana Lopes. E a falta de capacidade de comunicação entre quem governa e quem é governado nunca foi tão grande como actualmente (o que, aliás, é uma característica dos governos PSD).

7. Em termos globais, o Governo segue a lógica que caracteriza a sociedade: em caso de "confronto de interesses", penalizam-se os jovens.

8. A terminar, uma nota pessoal (fui professor e "professor de professores" durante 13 anos). Cada vez recordo com maior orgulho os anos em que literalmente vivi na Escola do Magistério Primário de Coimbra, autêntica escola de formação de profissionais de Ensino. Quando a fecharam fiquei com a sensação de que tinha sido cometido um crime. Hoje tenho a certeza: foi mesmo crime.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Parabéns, Papa Francisco!


Eis um homem de esperança.
A sua principal mensagem: age em conformidade com o que pensa.

Há dia, ouvi António Arnaut, antigo grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, afirmar publicamente que gostaria que tivesse sido a Maçonaria a dizer aquilo que o Papa tem dito.
Pois...

O Papa Francisco é um homem de esperança.
São homens como ele que, ao longo da História, têm conseguido mudar o Mundo.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Aproveitar o lado bom do capitalismo



Sou a favor de uma sociedade de concorrência. E a liberdade individual é um valor inquestionável. Na velha dicotomia Esquerda/Direita, que comecei a conhecer nas "conversas de intervalo" no Liceu D. João III, ainda antes do "25 de Abril", nunca tive dúvidas: sou de Direita.
No entanto, nunca adorei os "deuses do mercado" e sempre me conheci com uma consciência social fundada na Doutrina Social da Igreja Católica. Uma sociedade humana (entre animais irracionais, porventura, será diferente) só faz sentido se olhar para todos os seus membros com olhos de dignidade. Certamente por isso, tenho dedicado muito tempo, desde miúdo, a actividades que nada me trazem de proveito pessoal, mas têm alguma importância em termos de comunidade. Fui dirigente do Sindicato dos Professores da Zona Centro, membro do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas, fundador do Clube da Comunicação Social de Coimbra, fundador da Academia Olímpica de Portugal, dirigente da Associação de Jornalistas de Desporto, dirigente durante 20 anos da ACM - Coimbra, membro do primeiro Conselho Desportivo Municipal de Coimbra, dirigente da Associação de Futebol de Coimbra, membro da Comissão Diocesana de Comunicação Social, etc., etc.
Em todos estes cargos nunca recebi um cêntimo. Só contribuí - em tempo, em despesas de deslocação, em hotéis, em despesas diversas. [Conheço muita gente que está sempre disponível para exercer cargos desde que receba dinheiro. Para este tipo de cargos não conheço muita gente...]

Apesar de tudo, sou a favor de uma sociedade como aquela em que vivemos.
Só faltam, particularmente em Portugal, entidades fiscalizadoras à altura e, paralelamente, um poder judicial que cumpra a sua função. Porque a sociedade capitalista está a um passo da... selva. E é este passo que não devemos permitir. Ou, em caso de desrespeito, devemos castigar.

Tento aproveitar ao máximo as oportunidades que esta sociedade capitalista, sociedade de consumo, proporciona. E apesar de ter a ideia de que sou uma pessoa de espírito aberto, há coisas que me surpreendem. Melhor: há situações que não consigo entender.
Deixo dois exemplos.

Há meia dúzia de anos comprei uma viagem de avião, de ida-e-volta, a Paris e paguei, já com taxas incluídas, um cêntimo. Sim, leram bem: um cêntimo. Ou seja: 0,01 euros. Por uma viagem de ida-e-volta a Paris. Parece inacreditável.
Anteontem à tarde fui ao hipermercado Continente, em Telheiras (Lisboa). Peguei nuns papéis de publicidade à entrada e reparei que havia uma promoção interessante: comprar 12 caixas de cápsulas de café e receber uma máquina de café grátis. Assim fiz. Como bebo descafeinado, as 12 caixas custaram-me 26,28 euros. Comprei. Trouxe para casa 120 cápsulas. E o hipermercado ofereceu-me uma máquina de 19 bar de potência. Parece inacreditável.

Esta sociedade cada vez mais injusta, muito por culpa dos decisores políticos, tem aspectos surpreendentes. Inacreditáveis, até. Há que aproveitá-los.

(NOTA, às 18h10: alterada a quantidade total e o preço total).

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sete anos de saudade


Partiste há sete anos.
De surpresa.
Estupidamente, porque nos fazias falta - à Família, aos Amigos, aos Funcionários que te adoravam, aos Alunos, a tanta Gente.

Partiste mas permaneces.
Os nossos corações não te esquecem. Nunca te esqueceram.

Aí de cima, ano após ano, partilhas o teu saber com centenas de jovens.
E esta é uma bonita forma de continuares... viva.

Que saudade, mana.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Mataram-me a freguesia

Nasci num 3.º andar da Rua das Padeiras, numa Baixa repleta de vida, zona humilde de gente laboriosa, tabernas e outros estabelecimentos comerciais, meretrizes e artesãos. E ali vivi até quase aos 24.
Da janela do meu quarto olhava o mundo inteiro, a Torre lá no alto com o relógio que comandava a vida a-meias com o sino de S. Bartolomeu. Via desde a Conchada ao Governo Civil, telhados sobre telhados, o Colégio dos Órfãos imponente mesmo depois de ter ardido, a cúpula da velha Sé. E uma ou outra palmeira.

O bilhete de identidade (dos antigos, felizmente) é um dos meus tesouros. Os nomes do pai e da mãe, heróis de sempre, e a freguesia de naturalidade: S. Bartolomeu. Muito poucos (até hoje só conheci dois ou três) se podem orgulhar deste "topónimo" no documento que lhes reconhece a cidadania.
Quantas vezes afirmei, ao longo da vida, que «Sou de Coimbra, mas não sou da Sé Nova. Sou de S. Bartolomeu!». Ou S. Bartolo...nosso, como dizíamos os que lá morávamos nesses inesquecíveis anos de 60 e 70, repetindo a expressão do saudoso padre Nunes Pereira, o "meu padre", como escrevi por altura da sua morte; o nosso padre.

Agora, na dita reorganização administrativa que tem tanto de caricato como de cobardia, mataram-me a freguesia. E eu, praticamente, nem dei conta disso. Só hoje, ao entrar no "portal das Finanças", fui confrontado, olhos nos olhos, pela primeira vez, com a extinção da freguesia em que nasci. E entristeci.

Mataram a freguesia de S. Bartolomeu. Mataram um pouco de mim.


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Machado e Encarnação: mais do mesmo

"Diário As Beiras" de ontem (clique na imagem para ampliar)

Os vereadores do PSD e do movimento Cidadãos por Coimbra continuam sem espaço na Câmara Municipal para exercer a sua actividade de representação dos 24.852 eleitores que neles votaram. Na última sessão do Executivo, anteontem, José Belo (PSD) e Pedro Bingre do Amaral (CPC) voltaram a exigir aquilo a que, segundo a lei, têm direito e criticaram a atitude da maioria socialista.
Manuel Machado (PS), o presidente, e Carlos Cidade (PS), vereador, opinaram sobre o assunto. Manuel Machado disse, segundo relatou ontem o Diário As Beiras, que «na melhor altura, serão acolhidos da melhor forma». Carlos Cidade lembrou que, no anterior mandato, os vereadores do PS estiveram um ano à espera de gabinete próprio. E disse aos vereadores do PSD, ainda segundo o mesmo jornal, que «de certeza que [agora] não demorará tanto [tempo] como os senhores demoraram».

Esta situação da vida política autárquica de Coimbra merece alguns comentários... políticos.

1. Se Manuel Machado (que tomou posse há mais de mês e meio) demora tanto tempo num assunto tão simples, do dia-a-dia, quanto tempo demorará quando tiver de decidir um assunto complexo?

2. Manuel Machado e o PS não estão a desrespeitar, apenas, os direitos de cinco vereadores: quatro do PSD e um do movimento CPC. Estão, sim, a desrespeitar os quase 25 mil cidadãos que confiaram àqueles vereadores a sua representação no governo do Município.

3. As considerações de Carlos Cidade, aludindo à postura de Carlos Encarnação (PSD), o anterior presidente, colocam o assunto praticamente na dimensão de um qualquer recreio de escola primário. Fazem lembrar aquelas discussões entre crianças: «Ontem não me deixaste jogar com a tua bola, hoje também não jogas com a minha». Esquece-se, porém, Carlos Cidade que a bola não é dele; a bola pertence às dezenas de milhar de contribuintes que pagam impostos em Coimbra.

4. Finalmente, a demora de Manuel Machado em disponibilizar condições de trabalho aos vereadores do PSD e do CPC (o vereador da CDU tem pelouros e gabinete), um "direito mínimo" que está expressamente previsto na lei, pode significar que as declarações do actual presidente na cerimónia de posse não foram mais do que um exercício de retórica. «Todos têm lugar no novo projecto para valorizar Coimbra. Estou a dirigir-me a todos os cidadãos do concelho, a todos os conimbricenses. Estou a dirigir-me a todos os agentes de desenvolvimento, sobretudo aos empresários. Estou a dirigir-me aos funcionários e técnicos municipais. E estou a dirigir-me aos autarcas eleitos, a todos, também aos das oposições», disse Manuel Machado na ocasião.

É esta forma de fazer Política, uma forma velha e gasta, que é um dos principais dramas de Coimbra. Uma forma de fazer política que teve nos últimos 24 anos dois rostos: Manuel Machado e Carlos Encarnação, dois personagens que se podem classificar como "homens de partido", com tudo o que isso significa.

Coimbra merece melhor e os conimbricenses não têm deixado de o fazer notar.
CARLOS ENCARNAÇÃO foi vendo a votação diminuir sucessivamente (eleito com 38.335 votos em 2001, obteve depois 31.752 em 2005 e 29.357 em 2009), acabando por entrar na história do Município pelo pior motivo: abandonou o cargo depois de ter pedido a confiança dos eleitores e de ter sido eleito. [Penso não existir "crime político" mais grave do que este: trair o "contrato de confiança" estabelecido com os eleitores.]
MANUEL MACHADO, que regressou à presidência do Município uma dúzia de anos depois de ter sido derrotado por Encarnação, teve agora o menor número de votos de qualquer presidente da Câmara de Coimbra, apesar do "ambiente político" geral lhe ser favorável, uma vez que era o candidato natural do "voto de protesto" contra as políticas do Governo PSD. A este título (o de presidente eleito com o menor número de votos de sempre) pode juntar-lhe ainda outro: o de ter sido sufragado nas únicas eleições autárquicas em que, em Coimbra, o número dos que não votaram em qualquer lista foi superior ao dos que escolheram (55% contra 45%).

Termino como comecei: em termos políticos, Manuel Machado e Carlos Encarnação são "mais do mesmo", como se diz popularmente. São dois bons representantes dos partidos e das políticas que, em termos nacionais, conduziram Portugal ao estado comatoso em que se encontra.
E tal como o país necessita, como de pão para a boca, de novas formas de fazer Política, também Coimbra merece novas atitudes políticas. Nunca foi tão urgente como hoje deitar no "caixote do lixo" da História esta Política Velha que, depois, se reflecte em coisas tão simples como demorar mês e meio a fornecer as condições mínimas de trabalho a cinco vereadores que, em conjunto, representam mais eleitores (24.852) do que aqueles que elegeram o presidente da Câmara (22.631).

Nota: um texto de ontem dos Cidadãos por Coimbra sobre o assunto pode ser lido aqui.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

CDU conquista "Prémio Cartaz Até Ao Natal"

Quando toda a gente pensava que a Direita seria a vencedora, eis que a Esquerda arrebata o troféu. Com efeito, a CDU conseguiu destronar o CDS e, mesmo em cima da linha da meta, assegurou a distinção. Mais um "momento alto", portanto, para a história da coligação de comunistas e "verdes".

As eleições autárquicas tiveram lugar a 29 de Setembro de 2013. Isto é, há mais de dois meses. Concretamente, há 72 dias. E este cartaz da CDU continua, impávido, na rotunda do Hotel D. Luís, junto à Ponte Rainha Santa Isabel.
Ao vê-lo, tanto tempo depois do acto eleitoral, cheguei a pensar que poderia ser uma espécie de "pontapé de saída" para a campanha das eleições de 2017. Afinal, a CDU já poderia ter escolhido os candidatos para daqui a quatro anos. Mas não, não é. Um olhar mais atento permite ver que em ambos consta a referência "Autárquicas 2013".

CDU: a grande vencedora

Não acreditando que o cartaz ali permaneça como forma de desrespeito pelo espaço público (e, no fundo, de desrespeito pelos próprios cidadãos), sou levado a crer que se tratará de esquecimento: a CDU já não se recorda de que afixou ali o cartaz e, portanto, esqueceu-se de o retirar depois das eleições.
O esquecimento, no entanto, acabou por ter uma consequência feliz, permitindo à coligação conquistar o galardão destinado ao cartaz das "Autárquicas 2013" com maior longevidade em Coimbra.

Assim sendo, é com o maior prazer que o COIMBRApontoCOM atribui à CDU o "Prémio Cartaz Até Ao Natal" referente às últimas eleições autárquicas.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Câmara Municipal teima em insultar o União de Coimbra

Excerto da Ordem de Trabalhos da sessão de hoje

Um dos assuntos da reunião de hoje da Câmara Municipal de Coimbra é o seguinte: "Requalificação do Campo de Futebol da Quinta das Fonsecas - Lomba da Arregaça - recepção provisória".
Ora o campo em causa é o Campo Eng.º Arantes e Oliveira, que toda a gente em Coimbra conhece pelo nome que sempre teve e terá: Campo da Arregaça.

Como não haverá ninguém em Coimbra que desconheça a denominação "Campo da Arregaça", o nome escolhido pela Câmara Municipal para designar o campo do União de Coimbra só pode ter acontecido por... brincadeira.
Assim sendo, os "brincalhões" foram os membros do anterior Executivo (2009-2013), no qual Luís Providência (CDS) ocupava o cargo de vereador do Desporto.

Os actuais responsáveis herdaram, portanto, o processo administrativo com esta denominação. Não são os responsáveis por chamar "Campo de Futebol da Quinta das Fonsecas" ao Campo da Arregaça. No entanto, que mais não fosse apenas na Ordem de Trabalhos, poderiam acrescentar a denominação correcta e acabar, deste modo, com a "brincadeira".

Que ninguém tenha dúvidas: aquele campo será sempre o Campo da Arregaça. O "campo do União". E dizer, ou escrever, o contrário será sempre insultar os unionistas.

Este será sempre o... Campo da Arregaça
NOTA: Este texto foi publicado em 9 de Dezembro de 2013 (segunda-feira).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sorteio... nada mau


Nelson Mandela fez "acordar" jornais

11 de Fevereiro de 1990. Era domingo.
Estive durante horas defronte do televisor a acompanhar a saída de Nelson Mandela da prisão de Victor Verster, a cerca de 60 km da Cidade do Cabo.
Momentos inesquecíveis.

5 de Dezembro de 2013. Ontem.
O presidente sul-africano anuncia às 21h45 a morte de Nelson Mandela.

A morte de Nelson Mandela foi conhecida numa das piores alturas para os jornais. [E também para as televisões generalistas, dado que os principais telejornais já tinham terminado.] Eram 10 da noite e, nessa altura, as edições dos jornais já estão praticamente terminadas, faltando apenas um ou outro "acerto". Às 10 da noite as Redacções estão reduzidas ao mínimo (nos casos dos jornais regionais, por vezes a um só jornalista). Durante a noite, o tempo corre mais veloz nos jornais. Há horários para cumprir, compromissos com as empresas editoras para respeitar.

Mas é nestes momentos, no entanto, que o verdadeiro jornalista sente maior realização profissional. Por outro lado, a luta contra o tempo e a procura da informação em contra-relógio fazem crescer a adrenalina. Também aumenta a possibilidade de erro, o que leva a uma maior exigência. Nestas situações o jornalista tem de responder a 100%, embora já tenha atrás de si oito, 10 ou mais horas de trabalho.
E tudo por uma única razão: servir o melhor possível o leitor. Essa função (ou esse privilégio) cabe aos jornalistas e a mais ninguém. [Os outros trabalhadores de uma empresa jornalística têm uma "noite normal" igual a todas as outras, com excepção dos paginadores que, porventura, terão de trabalhar até mais tarde do que o habitual.]

6 de Dezembro de 2013. Hoje.
É o dia de analisar o que foi feito e comprovar em que medida os jornais foram capazes de responder ao desafio. É o dia de analisar os resultados do "teste" que constitui uma notícia de repercussão mundial que foi divulgada às 10 da noite. Há "momentos", portanto, já que os jornais devem estar à disposição dos leitores por volta das 7 da manhã.
Através das capas dos jornais é possível tirar algumas conclusões.


Nos quatro jornais diários regionais que pertencem aos herdeiros de Adriano Lucas, e que são todos impressos na FIG, na Estrada de Eiras, apenas o DIÁRIO DE COIMBRA se refere à morte de Nelson Mandela. Fá-lo na página 7. Trata a notícia com qualidade, juntando-lhe reacções do reitor da Universidade de Coimbra, do presidente da Câmara Municipal e do sociólogo Boaventura de Sousa Santos. Era difícil pedir mais a um jornal regional. [No entanto, e como sempre, a escolha recaiu nos "símbolos da cidade", sempre os mesmos. Não sei se algum deles, ou todos eles, esteve / estiveram alguma vez na África do Sul. Talvez sim, talvez não. Mas na minha concepção de Jornalismo teria tentado ouvir um ex-emigrante, um investidor, um empresário com ligação directa, e real, ao país africano. A hora da notícia, no entanto, condicionaria sempre a escolha dos "protagonistas".]


O DIÁRIO AS BEIRAS não se refere ao assunto. Estranhamente (dado que nos Açores é uma hora mais cedo do que no Continente), o AÇORIANO ORIENTAL também passa ao lado da "notícia do dia".


Os dois diários madeirenses dão grande destaque à morte de Nelson, facto a que não será estranha a grande comunidade de naturais da Ilha da Madeira que reside na África do Sul.


Os jornais gratuitos que são distribuídos em Lisboa dão conta da morte do líder sul-africano na primeira. [E ambos contam com a "generosidade" da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que faz publicar anúncios iguais em rodapé...]


O PÚBLICO demonstra dinamismo, ao fazer uma segunda capa (embora não refira tratar-se de uma 2.ª edição).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rui Rio e a Imprensa

Rui Rio: um teorizador do Jornalismo?

Rui Rio, político, parece mais interessado em definir o conceito de Jornalismo do que em clarificar a responsabilidade dos políticos no estado de bancarrota a que chegámos. E não me refiro, apenas, ao aspecto económico-financeiro: refiro-me à ética política, à acumulação de negócios públicos e privados, etc., etc.. À falta de vergonha, em suma.

O ex-presidente da Câmara do Porto parece não compreender que a Comunicação Social, factor basilar das sociedades democráticas, desenvolve a sua acção em ambiente de total liberdade. Sem quaisquer condicionamentos para além dos definidos na Lei. E que mais não cabe ao Poder Político do que definir o quadro legal em que a Comunicação Social existe. Nada mais.

Ontem, no Porto, num debate promovido pelo "Expresso", Rio afirmou que a Comunicação Social é uma das «responsáveis da degradação do regime democrático». Escreve o "Público": «Rio considera que o jornalismo "cumpre o seu papel" mas "não cumpre o seu papel da forma como devia" e por isso tem "sido também um dos responsáveis da degradação do regime democrático em Portugal"».

A Comunicação Social portuguesa não vive dias brilhantes. Mas muitos dos males de que padece têm origem, precisamente, no "aparelho político" que governa o país - dos ministérios às juntas de freguesia.
Por isso, creio que a atitude mais natural é desconfiar quando alguém (e, para mais, um agente político) se mostra tão interessado em definir os conceitos de Jornalismo e de interesse público em matéria de Comunicação Social. Porque a sua posição na sociedade é no "campo oposto" ao do Jornalismo. É da História. É dos livros.

A "paixão" de Rui Rio pelo Jornalismo e pela Comunicação Social não é nova.
Há meia dúzia de anos, em Coimbra, foi ouvi-lo, na esperança de o ver definir novas ideias para o país, novas metas e novos desafios para Portugal, tal como referia tema do ciclo de conferências. Tinha a ideia de que ele poderia vir a ser um líder nacional, rigoroso, de "boas contas". Um político consistente. Rio, no entanto, ocupou a maior parte do tempo a falar da Comunicação Social, algo de estranho e que me fez pensar numa qualquer "fixação".

Saí dessa sessão - como referi na altura ao amigo que me convidara para a conferência - com uma ideia clara: este homem nunca terá o meu voto. Porque, em última análise, se assume como perigoso para a própria Liberdade.

No dia em que o Jornalismo tiver de escolher novos rumos, novos caminhos, não necessitará que um político, ou uma maioria política, sejam eles quais forem, lhe determine a direcção da mudança.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sete futebolistas em "recortes"

Camilo, Barros, Artur, Melo, Celestino, Freitas e... Octávio

Fazer pesquisa em colecções de jornais é um trabalho agradável.
Volta e meia, andamos à procura de um assunto e somos surpreendidos com outros temas, notícias e reportagens, que nos fazem recuar na nossa própria existência, abrir o baú das memórias e reviver momentos do passado.

Enquanto não me decido a arquivar devidamente (catalogar?) os milhares de jornais e revistas que tenho dispersos por três garagens em Coimbra, vou consultando as colecções existentes nas bibliotecas. E já concluí duas coisas:
1. Os jornais, antigamente, eram muito mais interessantes;
2. Este é um trabalho que gostaria de assumir, como profissão, até ao final dos meus dias, porque é efectivamente fonte de grande prazer.

Nas andanças das últimas semanas coleccionei seis "recortes" com sete futebolistas cuja história está ligada à história do futebol em Coimbra. São recortes dos anos 60 e 70 do século passado, com protagonistas que ainda estão bem vivos, como desportistas, na memória de muitos adeptos, apesar das décadas já decorridas desde o tempo em que eles eram "notícia de jornal". Vi-os jogar a todos.

Em síntese...
ARTUR, "o ruço", foi defesa da Académica. MELO guarda-redes do União de Coimbra. BARROS passou por Coimbra na única temporada em que o União disputou a 1.ª divisão. CAMILO, o "capitão", o meu amigo Camilo, foi enorme no meio-campo da Académica. CELESTINO foi outro defesa de grande qualidade da Académica. FREITAS jogou na Académica e no União de Coimbra, foi meu colega no Liceu, arbitrei jogos dele na União de Leiria, reencontrei-o depois quando tirou o curso na Escola do Magistério Primário e hoje é professor e figura de destaque dos "veteranos" unionistas. OCTÁVIO nunca jogou nos clubes de Coimbra mas está ligado à cidade... pela irmã, que aqui se radicou no tempo em que MARRAFA era guarda-redes da Académica, com quem casou.

Deliciem-se com estes seis recortes, que têm sete futebolistas "de Coimbra" em destaque.
Serão minutos bem passados, garanto.



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Joaquim Cardozo Duarte (1941-2013)



JOAQUIM CARDOZO DUARTE (Condeixa, 1941 - ), padre desde 1965, licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra em 1977, assume as funções de director do jornal em Julho de 1978, onde exerce na altura o cargo de chefe de redacção, no qual substituíra o também padre, e artista plástico, Augusto Nunes Pereira. Joaquim Cardozo Duarte  é responsável por algumas alterações a nível do grafismo do semanário e também do “modelo de funcionamento”, destacando-se as “reuniões da Redacção”, uma espécie de plenário dos colaboradores do jornal em que – entre outros assuntos – é debatido o tema de cada Editorial. Abandona o cargo em Novembro de 1983, quando é chamado a exercer funções em Lisboa – no Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (organismo da Igreja Católica) e na Universidade Católica Portuguesa, onde acaba por se doutorar (magna com laude) em Filosofia no ano 2000.
[referência biográfica na dissertação de mestrado "Sintomas de Urbano Duarte",
apresentada em Setembro último] 


Chego a casa, abro a caixa do correio e... arrepio-me.
Na primeira página do (também "meu") "Correio de Coimbra" a notícia da morte de Joaquim Cardozo Duarte, um amigo, que foi chefe de Redacção e director do semanário diocesano na altura em que, há 40 anos, dei os primeiros passos no jornalismo.
Foi um forte murro no estômago.
Morreu um amigo e não soube a tempo de estar no funeral.
(excerto do texto publicado ontem, ao princípio da noite, no Facebook)


O "dr. Cardozo", como o tratávamos no "Correio de Coimbra" chegou ao jornal em finais de 1975, substituindo o padre Nunes Pereira na chefia da Redacção. Três anos depois assumiu a direcção do jornal, na sequência da renúncia de Urbano Duarte. Foi o sétimo director da história do "Correio".

Chegou e mudou algumas coisas em termos de funcionamento, a mais importante das quais foi o promover semanalmente uma reunião dos colaboradores do jornal, para avaliar o trabalho realizado, programar as próximas semanas e, sobretudo, decidir sobre o tema do "Editorial" da edição seguinte. Todos participavam no debate, votava-se o assunto a abordar e ele, Joaquim Cardozo Duarte, redigia depois o texto. Uma novidade absoluta, em termos de organização interna do semanário.
Promoveu também a mudança do grafismo do jornal, chamando a colaborar nessa tarefa Franklin Carvalho, na altura estudante de Filosofia, área em que Cardozo Duarte se licenciou nesse tempo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Nesses anos 70, já padre, Cardozo Duarte jogou futebol no Clube de Condeixa. Era o "capitão" de equipa. Nunca o vi jogar, mas colegas de arbitragem (onde andei entre 1974 e 1980) contaram-me que era um jogador fogoso, que discutia por vezes as decisões. Mas todos se referiam ao padre-futebolista com notório respeito.

Em meados de 1978, quando terminei o curso do Magistério Primário, o "dr. Cardozo" nomeou-me coordenador da Redacção do jornal. Anos mais tarde, muitos anos mais tarde, vim a descobrir que tinha sido... chefe de Redacção sem o saber. O meu nome nunca apareceu nessa qualidade no cabeçalho do jornal, nem sequer na "ficha técnica" do jornal. No entanto, no texto de despedida das funções do jornal, em 1983, Cardozo Duarte agradece ao chefes de Redacção com quem tinha trabalhado e... refere o meu nome.
[Situação semelhante aconteceu-me há dois anos, na última passagem pelo "Diário de Coimbra". Só ao fim de quatro meses a trabalhar no jornal é que soube que era chefe de Redacção adjunto. A situação repetiu-se, assim, 33 anos depois.]

No meu casamento (1980)

O relacionamento com o padre Cardozo Duarte teve outros momentos significativos. Em 1980 foi um dos sacerdotes que estiveram presentes no meu casamento, em Castanheira de Pera. Em 1993 convidou-me para representar Portugal na "Universidade de Verão" da União Católica Internacional da Imprensa, naquela que acabou por ser a maior "reportagem" da minha vida, durante 31 dias, entre Berlim Oriental e Kiev, que resultou num trabalho publicado na "Notícias Magazine" na véspera do Natal desse ano, intitulado "As ruínas do comunismo". Agora, em finais do ano passado, retomámos o contacto, a propósito do meu trabalho de mestrado, que incide na história do "Correio de Coimbra" e nas crónicas (os "Sintomas") de Urbano Duarte. Falámos ao telefone algumas vezes, trocámos correspondência.

A última vez que o ouvi foi em meados de Outubro. Ligou-me para dar os parabéns pelo mestrado e terminou com uma recomendação, quase ordem: «Olha que eu quero ler o trabalho!». Respondi: «Ando a ver o modo de o editar. Mas esteja descansado. Logo que houver livro, um será seu!».
Eis uma promessa que, infelizmente, já não poderei cumprir.

Descanse em paz, Amigo.

Início do testemunho para a dissertação de mestrado (2013)
Cartão que acompanhou as quatro folhas A4 (2013)

Notícia no "Correio" (2013)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O "Ano do Leão" em Coimbra


O título já está entregue: o Sporting é o "campeão de bilheteira" em Coimbra na época 2013-2014.

Os três "grandes" jogaram no Calhabé entre Agosto e Novembro. O desafio com o Sporting aconteceu a 24 de Agosto, ainda com muitos emigrantes de férias. Benfica e FC Porto jogaram em Coimbra em Novembro: os encarnados no dia 1 e os azuis-e-brancos no dia 30.
No total, os jogos com os denominados três "grandes" atraíram ao Calhabé 27.307 espectadores. Ou seja, no total não chegaram para encher um estádio que tem 29.744 lugares de "lotação oficial".



Mesmo assim, as assistências agora verificadas foram melhores do que na época anterior, quando nesses três jogos entraram 19.639 adeptos. Mas foram piores do que há duas épocas, em 2011-2012, quando o total de espectadores nos jogos com Benfica, FC Porto e Sporting foi de 33.292.
Curiosidade maior: o Sporting destronou o habitual "campeão de bilheteira em Coimbra", o Benfica. Outra curiosidade: o jogo com o Sporting teve mais espectadores do que os jogos com Benfica e FC Porto juntos!

Em termos de ocupação do estádio (um indicador que deveria merecer a maior atenção dos responsáveis), a percentagem foi a seguinte:
Sporting - 47,7 %
Benfica - 28,7 %
FC Porto - 15,3 %

Ou seja, este é o "Ano do Leão" no estádio do Calhabé.

Espectadores nas últimas três épocas

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Quando fui título na página 3

(no jornal do FC Porto, em 1986)


Corria o ano de 1986. A 23 de Fevereiro a Académica recebeu o FC Porto no Calhabé e perdeu por 2-1. Chovia "se Deus a dava". O jogo entrou para a história. Futre mergulhou na "piscina" e o árbitro assinalou "penalty". [O próprio jogador diria mais tarde algo do género: «Se eu não saltasse, ele partia-me a perna». Ou seja, ninguém tocou em Futre, ele saltou e... grande penalidade.]

Na altura eu era colaborador do primeiro diário desportivo português, "O Jogo", que há dois dias entrara no 2.º ano de publicação. [A minha profissão principal ainda era a de professor: leccionava Didáctica da Língua Portuguesa na Escola do Magistério Primário.] Nesse Académica-FC Porto, o jornal mandara um redactor do Porto, o Valle Fernandes, que tinha uma casa (então já desabitada) na Rua do Teodoro, e um repórter fotográfico, o Álvaro Macedo. A mim coube-me a apreciação dos jogadores das duas equipas e do trabalho do árbitro. O Fernando Madaíl ocupou-se de recolher as opiniões à porta das cabinas. Uma equipa grande para um jogo grande.

O árbitro foi Raul Ribeiro, de Aveiro. [Se bem me recordo, era na altura funcionário da Revigrés e foi mais tarde funcionário da Câmara Municipal de Aveiro.] Raul Ribeiro esteve tão mal que lhe atribuí a nota mínima: zero. Escrevi então: «O primeiro "penalty" não existiu, pela simples razão de que ninguém tocou em Futre. Os descontos foram perfeitamente exagerados. A desigualdade de critérios foi constante». [O primeiro "penalty", ainda antes do intervalo, foi desperdiçado por Gomes, que rematou ao lado. O FC Porto chegou à vitória com outro "penalty", marcado por André, já depois dos 90 minutos.]

Naquele tempo, os árbitros prestavam declarações aos jornalistas no final dos jogos. Foi o que fez Raul Ribeiro. E depois de afirmar que «não sou adepto do FC Porto, porque eu sou do Belenenses», disse que marcou o "penalty" decisivo quando «faltavam ainda três minutos para terminar o jogo, porque costumo parar o cronómetro quando há jogadores a receberem tratamento, substituições e outras paragens». Erro crasso, porque este comportamento não está, nem nunca esteve, previsto nas Leis do Futebol.

Por isso, na quarta-feira seguinte, publiquei um texto intitulado "Raul Ribeiro e os seus cronómetros: um caso de má interpretação da lei". Explicava que a cronometragem de um jogo de futebol não é igual à de uma partida de basquetebol (em que o cronómetro pára sempre que a bola não está em jogo) e juntava até opiniões de um jornalista do "Diário Popular" («Os minutos dados a mais não tiveram a mínima justificação», Costa Santos) e de outro de "A Bola" («Prolongou o tempo de jogo para além do justificado», Joaquim Rita). E pensei que o assunto morreria por ali.

Mas isso não sucedeu. Dois dias depois, na sexta-feira, surgiram desenvolvimentos. Na "Gazeta dos Desportos", o jornalista brasileiro Wilson Brasil, que se tornou conhecido por atribuir anualmente os prémios "Gandula" (o apanha-bolas, no Brasil), destacou o comentário na "Minha selecção", uma espécie de pódio semanal, com os seguintes termos: «Mário Martins, pelo realista e inteligente comentário 'Raul Ribeiro e os seus cronómetros'». Foi a primeira e única vez que tal sucedeu.
Nesse dia, viajei para o Funchal para fazer a reportagem de um jogo da selecção B de Portugal. E foi de lá que liguei para a delegação de "O Jogo" em Coimbra, para saber se estava tudo a correr com normalidade. Diz-me o Fernando Madaíl: «Chegou uma carta do FC Porto para ti». Pedi-lhe que a abrisse e a lesse ao telefone. Ele assim fez. Eram duas folhas em papel timbrado, com o emblema do clube em relevo e a cores, uma carta violenta, a criticar duramente o tal texto sobre os cronómetros de Raul Ribeiro.

O director de "O Jogo" decidiu não publicar a carta no jornal, impedindo-me assim de dar uma resposta pública. Mas respondi pessoalmente ao subscritor, Álvaro Braga Júnior, então funcionário do Departamento de Futebol do FC Porto. Lamento ainda não ter encontrado a carta, mas enviei-lhe (entre a carta propriamente dita e os "anexos") um envelope com mais de 15 ou 20 folhas.
O jornal do FC Porto viria a publicar a carta de Álvaro Braga Júnior no dia 5 de Março, ao alto da página 3, com o seguinte título em maiúsculas: «Já o conhecemos sr. Mário Martins».
[Até hoje (não sou parvo, mas...) ainda não percebi uma coisa: tendo eu escrito um texto sobre o árbitro Raul Ribeiro, porque é que foi o FC Porto a responder-me?]

Resta acrescentar que o texto azul-e-branco não desmente nada do que escrevi, limitando-se a criticar-me por alegados maus desempenhos aquando da passagem pela arbitragem do futebol, como auxiliar do juiz conimbricense Castro e Sousa. Mas até nesse aspecto o referido Álvaro Braga Júnior mete "a pata na poça": na época a que ele se refere, a equipa de arbitragem de que fazia parte, do 1.º escalão nacional, ficou classificada no 8.º lugar, entre 34 equipas. Nada mau.
[E isto levanta-me uma outra dúvida, nunca respondida até hoje: como é que o FC Porto tinha acesso aos relatórios dos delegados técnicos que avaliavam os árbitros?]

Para concluir: o "episódio Raul Ribeiro" é um daqueles que mais me deixa honrado em quatro décadas de jornalismo.
[Meses mais tarde, em Julho, na Figueira da Foz, aquando de um jogo particular de pré-época entre a Académica e o FC Porto, à porta dos balneários do estádio, tive oportunidade de "agradecer" pessoalmente ao autor do texto (e ao presidente do clube portuense, que estava ao lado), na frente do então presidente da Académica, o inesquecível Jorge Anjinho. Afinal, não é todos os dias que se tem a "honra" de ver o nome escrito num título de jornal, em caixa alta... Mas isso é impublicável, porque não há registo escrito.]

EM ANEXO: imagens dos textos referidos nesta crónica.

O JOGO - Capa da edição de 24/2/1986

NOTA - Raul Ribeiro teve zero

ARTIGO - A explicação do erro grave de Raul Ribeiro

ELOGIO - O texto de Wilson Brasil

JORNAL -. Cabeçalho do jornal do clube azul-e-branco

RESPOSTA - A carta que me foi enviada foi divulgada publicamente

AUTOR - Álvaro Braga Júnior à esquerda, ladeado por Futre

CLASSIFICAÇÃO - Castro e Sousa em 8.º entre 34

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

PSD e CPC contra Manuel Machado

Promessa eleitoral (Setembro de 2013)

Não estão a correr bem as coisas na Câmara Municipal de Coimbra, segundo se depreende de dois documentos divulgados ontem por vereadores da oposição: José Belo (PSD) e Ferreira da Silva (Cidadãos por Coimbra - CPC). O socialista Manuel Machado, pelo que se conclui, mantém o estilo de há 20 anos atrás...

«Até agora, a oposição continua sem espaço, nem apoio logístico ou humano, para se reunir ou receber os cidadãos; até agora, ainda não recebemos, também, nenhuma informação sobre “nada” que possa ter considerável importância local para podermos estar presentes e participar», escreveu José Belo, num texto intitulado "Maleitas antidemocráticas".
Ferreira da Silva, ao intervir na reunião de ontem do Executivo municipal, criticou «a persistência» de Manuel Machado «em incumprir o n.º 7 do artigo 42.º da Lei 75/2013, que o obriga a disponibilizar a todos os vereadores os meios físicos, materiais  e humanos necessários ao cabal desempenho do seu mandato». E acrescentou: «Lá , se vai, afinal,  na volatilidade das palavras, a sua promessa do dia da tomada de posse, aqui na sala ao lado, [de] que todos, mesmo todos, os vereadores seriam chamados à acção política, tentando, antes, fazer de nós, vereadores sem pelouro, meros ratificadores de decisões tomadas».

Vai ser interessante acompanhar o desempenho Manuel Machado na dupla qualidade de presidente da Câmara de Coimbra e de presidente da Associação Nacional de Municípios. Ferreira da Silva colocou muito bem a questão: «Como gostaríamos de sentir que a disponibilidade manifestada por V. Exa. para o diálogo e a convergência no exercício desse seu mandato [como presidente da ANMP], pudesse estender-se a Coimbra. O que, lamentavelmente, não tem acontecido».
No entanto, como salientou José Belo, a situação não é nova: «Aliás, é bom que se diga, que infelizmente, não há originalidade nesta lamentável “birra”. Em tempos já idos houve um folhetim, que encheu as páginas dos jornais locais, parecido com este. A memória lembra os seus protagonistas: o actual presidente da Câmara e o vereador de então Jorge Gouveia Monteiro».

Ou seja: Manuel Machado parece persistir no mesmo comportamento de há duas décadas atrás. Mas esquece-se de dois pormenores importantes: o Mundo, hoje, é muito diferente, a informação circula muito mais depressa e por muitos "meios alternativos"; e, agora, o PS não tem maioria absoluta, apenas dispõe de uma maioria relativa.

Espero bem enganar-me, mas a continuarem a suceder-se episódios como este (o de não facultar os meios mínimos para a Oposição participar na vida do município) e o da fixação da taxa de IMI (ontem aprovada na Assembleia Municipal depois de Manuel Machado ter aumentado em 100% as transferências para as juntas de freguesia), a continuarem as coisas assim, o presidente socialista arrisca-se a quatro anos de... purgatório.

ADVERTÊNCIA - Aos que aparecem sempre nestas alturas colados ao Poder (e fico-me por esta caracterização genérica, para não utilizar termos mais populares...), recordo que nada tenho a ver nem com as decisões de Manuel Machado nem com as intervenções de José Belo e José Manuel Ferreira da Silva. Nem tomei umas, nem escrevi as outras. Entendidos? Felizmente vivemos em Democracia e todos somos livres de pensar pela própria cabeça. Para além disso, nos actos eleitorais todos temos direito a UM voto.