(ADVERTÊNCIA INICIAL: Este texto foi originalmente publicado em "A Página do Mário", no jornal "Centro", em Outubro de 2006. Há sete anos, portanto... O essencial da reflexão continua válido.)
Há pouco
mais de 20 anos, o “Jornal de Notícias” enviou-me durante quase duas semanas
para Paris, para fazer a reportagem do referendo (e do debate quente que
existia na sociedade francesa) sobre o Tratado de Maastricht.
Foi uma
experiência enriquecedora. Mas com muitas dificuldades. Ainda não havia
telemóveis, não havia computadores portáteis. Fui com a máquina de escrever,
redigia os textos, pedia na recepção do hotel que enviassem o fax para o jornal
e, à hora combinada, tinha de telefonar para saber se “o material” chegara em
condições.
Hoje, é tudo
diferente. Em qualquer lado há “rede”, chega-se com o portátil, escreve-se e
envia-se. E se há qualquer problema, pega-se no telemóvel e esclarece-se o
assunto de imediato.
O Mundo
mudou muito nestes últimos anos. Hoje, o correio electrónico é indispensável.
Na revista onde trabalho, as colaborações já chegam todas – à excepção de uma –
por via electrónica; os textos e as fotos. Muito do “expediente comercial”
também já circula por esta via: até, mesmo, alguns pagamentos.
Ou seja, no
planeamento do dia de trabalho há que considerar uma fatia de tempo para os
assuntos da Net; e, de preferência, há que estar constantemente ligado, para
poder responder com prontidão a qualquer pergunta. Não há que discutir: hoje,
as coisas são assim; são diferentes.
No entanto,
os jornais – quase todos com as tiragens em queda – ainda não entenderam
verdadeiramente o que está a acontecer. Olham de soslaio para a Net e, por
arrastamento, para os seus conteúdos.
Actualmente,
o cidadão que quer estar informado tem necessariamente de recorrer à Net. E
dentro desta tem de reservar algum dos seu tempo para olhar (pelo menos, olhar)
os blogues.
Blogues de Coimbra em Outubro de 2006 |
Cá por
Coimbra, há alguns blogues que são de leitura quase obrigatória – e que vão
suscitando um interesse cada vez maior, se olharmos ao número de visitas e de
comentários que os leitores lá deixam.
Trago hoje
aqui quatro “links”. “O Piolho da Solum”, um blogue bem disposto, faz
diariamente, logo pela manhã, um resumo do noticiário do dia, comenta assuntos
de interesse da comunidade e, de vez em quando, mostra fotografias de Coimbra
antiga. E, pelo meio, há muita brincadeira e textos que nos fazem sorrir.
No “Política
& House”, um blogue que dá muita atenção às questões internas do Partido
Socialista, vão aparecendo textos – mais ou menos mordazes – sobre assuntos da
cidade e do país. Nos últimos tempos, têm estado a ser publicados os
rendimentos de alguns titulares de cargos políticos da região, com base nas
declarações entregues no Tribunal Constitucional.
Crítico da
actual direcção da Académica/OAF, o blogue “Pardalitos do Choupal” informa
exaustivamente sobre o futebol da Briosa e a Académica em geral, divulga o
calendário de jogos do fim-de-semana, informa sobre os resultados de todas as
equipas e relata alguns jogos minuto-a-minuto, como ainda sucedeu no domingo.
Depois, e por entre muita polémica estéril, surgem volta e meia textos de
grande qualidade, como aquele que o ex-dirigente Fernando Pompeu publicou na semana
passada e que até segunda-feira já tinha suscitado 144 (!) comentários.
Uma palavra
final para o “Porta-Aviões”, que voltou a navegar há poucos dias. Criado pelo
médico Maló de Abreu, é um espaço mordaz, na linha da histórica ironia coimbrã.
Por ali passam assuntos de política nacional, política autárquica e – não fosse
o seu criador um ex-candidato à presidência da Académica/OAF – temas ligados à
Briosa.
A terminar,
que o texto vai longo: muita da informação a que se tem acesso nos blogues não
está habitualmente disponível nas páginas dos jornais. E é este desafio que os
jornais não podem continuar a ignorar, sob pena de verem os leitores fugir.
Porque, quer se queira quer não, o Mundo está mesmo diferente. Muito diferente.
NOTA: Destes quatro blogues, apenas o "Pardalitos do Choupal" continua em publicação. Os outros estão acessíveis. "A Página do Mário", da minha autoria, suspendeu a publicação em Julho de 2010 e tem estado inacessível.
Gostei do que li
ResponderEliminarconcordo com o diz
Rosa Carvalhal
Não conheces o blogue Denúncia Coimbrã?
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