sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Abstenção à beira da maioria

Nas últimas eleições autárquicas em Coimbra, em 2009, verificou-se a mais curta diferença de sempre entre aqueles que votaram num partido político (ou coligação) e os que não quiseram escolher qualquer candidato. Essa diferença foi de 8.496 eleitores, num total de 127.622 cidadãos inscritos nos cadernos eleitorais; ou seja, menos de 7%.

O crescente desencanto com a prática dos principais partidos pode levar a que, depois de amanhã, o número dos que não escolhem seja, pela primeira vez, superior ao daqueles que votam num qualquer candidato. No entanto, as "autárquicas" não serão a ocasião mais fiável para avaliar do desinteresse dos cidadãos pelos actos eleitorais, dada a proximidade existente entre quem vota e quem é eleito.

A análise dos resultados das eleições no concelho de Coimbra permite ainda verificar que o maior número dos que não escolheram (abstencionistas e os que votaram nulo ou em branco) se verificou em 1997, quando 60.280 eleitores não participaram na última das três vitórias consecutivas de Manuel Machado.
Por outro lado, a maior participação ocorreu em 2001 (primeiro dos três triunfos de Carlos Encarnação), quando 72.678 votantes escolheram um dos candidatos.

Coimbra: quem escolhe e quem não escolhe ao longo de 37 anos

No domingo à noite se saberá se, desta vez, os que não escolhem são em maior número, ou não, do que aqueles que expressam uma vontade inequívoca.
A análise, no entanto, não será fácil, já que os eleitores tendem a ter um "comportamento errante" nas eleições autárquicas. Há cidadãos que votam em "cores" diferentes consoante se trate da junta de freguesia, da câmara ou da assembleia municipal. E há, igualmente, os que votam no "seu" candidato e se abstêm nos restantes órgãos.

Dada a especificidade das "autárquicas", não parece razoável que se retirem "conclusões nacionais" de uma eleição que é local. Como também não se entende o frenesim dos principais dirigentes partidários, que correram o país a enviar recados uns aos outros, esquecendo os problemas concretos que se colocam às diferentes comunidades locais.
O comportamento de Passos, Seguro, Portas, Jerónimo e Catarina constituiu, afinal, um insulto ao poder local. E, consequentemente, a todos os eleitores, contribuindo deste modo para o crescente desprestígio da prática política em Portugal.

3 comentários:

  1. A abstenção, sem dúvida elevada, é falseada pela reduzida fiabilidade dos cadernos eleitorais. Numa população residente de pouco mais de 10,5 milhões (Censos de 2011) não me parece que possa haver 9,657 milhões de eleitores (n.º dos inscritos nas Presidenciais de 2011)...

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  2. Somos dos poucos países da UE que a abstenção ainda não é das piores, mas para lá caminhamos. Os partidos que têm governado o nosso país não têm ideologia, e com a entrada da troika verificou-se, claramente, que a diferença que os separa é uma questão de estilo e daí a descrença total.

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  3. Não são as juntas de freguesia os órgãos políticos mais próximos dos cidadãos? Há juntas com poucas centenas de eleitores, mil, 2.000. Será assim tão difícil actualizar o recenseamento eleitoral? Há autarcas que se gabam de conhecer todos os seus fregueses...

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